sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Porta na Rua Silva Carvalho em Lisboa


Andamos todos mal dispostos, rabujentos e com medo do futuro, os jornais não se podem ler e a televisão é um nunca mais acabar de coisas horríveis, em que se anuncia o que nos pretendem fazer muito brevemente, mal nos apanharem a jeito. E no entanto a beleza está por todo lado, em cada canto, em cada rua das cidades portuguesas. Eu, por exemplo, sou um eterno turista em Lisboa, apesar de aqui viver há cerca de 46 anos. Estou sempre a descobrir pormenores engraçados, painéis de azulejos, coisas fantásticas que esta cidade tem. Há bem pouco tempo encontrei esta porta assombrosa num prédio devoluto na Rua Silva Carvalho, ali atrás daquela coisa medonha onde as pessoas gostam muito de fazer compras, as Amoreiras.


Fiquei tão encantado que resolvi partilha-lha convosco, até porque ela não vai durar muito mais tempo, pois estará ali a surgir brevemente um condomínio qualquer piroso ou um caixotão de vidro de escritórios. Um bom fim-de-semana.

8 comentários:

  1. Se a porta é bonita desaparecerá seguramente! As pessoas que detêm peças cheias de beleza (não necessariamente como esta, mas esta serve perfeitamente para exemplo) parecem-lhe alérgicas, e não descansam enquanto as não fazem desaparecer e substituem por um qualquer mamarracho, que parece ser do gosto de todos, posto que, quem tem responsabilidade sobre estes aspectos do quotidiano das urbes, aprova, e os habitantes ficam muito admirados quando alguém chama à atenção, e, muitos, nem sequer percebem o porquê de tanto barulho.
    Que não lhes tirem os centros comerciais, "os maiores da Península Ibérica" ... (o que os portugueses deliram com estes chavões e o orgulho que sentem, por serem detentores dos maiores abortos que foi possível conceber à face da terra! E, mais incrível, estão sempre apinhados, de tal forma que, em final de semana, só com grande dificuldade se desbrava terreno pelas alamedas destes "elefantes brancos" megalómanos!).
    Aqui ao pé desta porta condenada está essa obra magnífica conhecido como "Amoreiras" que em nada desmerece o seu arquitecto. Mas esta última seguramente perdurará e continuará por muitos e bons anos a tornar os portugueses mais "felizes". E até parece que ficam mesmo, é isso que me impressiona mais, pois, quem não tem um destes "elefantes brancos" à porta anseia seguramente por um!
    Haverá honrosas e boas excepções, claro, nem tudo pode ser mau, mas só o facto de ser necessário falar disto dá conta da dimensão do problema!
    O teu post colocou-me mal disposto e rezingão!
    Manel

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  2. Que pena haver tão pouca gente neste país com esta sensibilidade para as coisas belas, embora em decadência. Também já tenho dado por mim a apreciar peças como esta, com madeira talhada e ferro forjado, em edifícios em ruínas e portanto condenadas a ir pró entulho mais dia menos dia. Mas não tenho a sorte de viver na vossa Lisboa, onde se podem descobrir coisas destas em cada rua das zonas mais antigas. No Porto também se encontra muita coisa e vou lá com bastante frequência.
    Noutros países há lojas de materiais de demolição onde se podem ir procurar peças originais e delas fazer tampos de mesa, paineis decorativos, biombos, ou reutilizá-las com a função para q foram criadas. Aqui, como somos um país rico, desbaratamos tudo, só queremos materiais novos, modernaços e reluzentes.
    Os nossos sucateiros dedicam-se a negócios de outro cariz...
    Nos cemitérios também se nota muito essa tendência e é uma dor de alma ver campas com belas peças esculpidas em pedra serem substituídas pelos omnipresentes e horrorosos mármores.
    Mas já parecemos uns velhos marretas e resmungões a desfiar críticas e queixumes...É o q nos resta fazer perante a impotência de alterar mentalidades e modos de proceder.
    Essa dos centros comerciais para programas familiares de fim de semana é outra...
    Bem, é melhor ficar por aqui.
    Abraços e bom fim de semana.
    Maria A.

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  3. Luís que porta tão linda que fotografou!
    Ainda bem que disse o nome da rua, pode ser que ela resista até à minha próxima visita a Lisboa, e aí, nessa altura, também a fotografarei.
    Um abraço e bom fim de semana
    MariaPaula

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  4. Muitos Parabéns pelo Blogue Luis. Estava a procura de informação sobre faianças, uma paixão que descobri recentemente, e já aprendi aqui muitas coisas hoje.

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  5. Na realidade estás sempre atento ao que existe de belo na nossa Cidade.
    Já agora, chamo a tua especial atenção para os baixo-relevos existentes nas fachadas de inúmeros prédios em ruínas na zona ribeirinha. Trata-se de velhos galeões e vapores, cujos capitães viveram nessas casas.

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  6. Em primeiro lugar, boas vindas aos novos, isto é à Vanessa, que espero continuar a vê-la por aqui.

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  7. Caros Amigos

    Só tenho pena de ter uma casa do tamanho de uma caixa de sapatos e ser um nabo para o bricolage, se não andaria a apanhar portas, portadas, azulejos, tijoleiras antiga, restos de frescos, e sei lá que mais, que nesta capital do império deitam foram.

    Tb já reparei nesses barquinhos, caros Carlos Pereira, mas como afirmou, eles costumam estar mais junto às zonas ribeirinhas e eu tenho andado menos por lá. Mas é um bom tema para um post.

    Abraços

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