Visitei há pouco tempo a casa de um amigo transmontano, que é um edifício com carácter, história e cheio de coisas interessantes. Uma das muitas peças que me chamaram a atenção foi este belo prato, com uma pintura a sugerir mármore e que obviamente não está marcado. Recordou-me uma mísula apresentada pela Maria Andrade em 4 de Junho deste ano, bem como um galheteiro, mostrado no mesmo post, pertencente à primeira seguidora misteriosa, que vai alimentando generosamente estes blogs com os seus tesouros de cerâmica. A Maria Andrade suspeitava que a sua mísula fosse do século XVIII e o movimento barroco da peça sugeria que sim e talvez fosse até fabrico do Rato.
Painel de azulejos pombalinos imitando o mármore |
Não afirmo que este prato seja Rato, ou do Século XVIII, mas tal como a mísula da Maria Andrade ou o galheteiro da Seguidora Misteriosa, corresponde a uma moda muito comum de imitação do mármore, presente nas artes decorativas portuguesas, nomeadamente na talha, no azulejo, no estuques e nas faianças e até mesmo no papel.
Papel marmoreado do Séc. XVIII |
Julgo que ainda em hoje em dia esta pintura de fingimento de mármore é ensinada na fundação Ricardo Espírito Santo Silva.
Peanha marmoreada de imagem de S. Bernardo da colecção do Palácio Nacional de Mafra. |
Olá Luís. Um belíssimo prato. Pena não se ver o tardoz.Uma delícia de faiança bem antiga, seguramente. Tenho dois pratões de formato semelhante e bem tenho andado às aranhas para os identificar. Vou postar seguidamente um deles e depois perceberá do que falo, do formato. Um todo em azul e o outro policromado o que me sugere nesta maneira de opinar sem meias medidas, fabrico nortenho, Fervença ou Bandeira.Aproveito e enviar por email um em azul esponjado, sei que gosta, que comprei nestes dias e o interessante nele além do azul espetacular é o tardoz, o veio circular onde assenta o prato não é direito feito à cana como habitualmente, mas sim em relevo.
ResponderEliminarObrigado por nos deliciar com faiança tão rara.
Felizardo este seu amigo transmontano
Bj
Isabel
Olá Luís,
ResponderEliminarComeço por dar os parabéns ao dono deste prato, uma peça muito interessante e sóbria de faiança portuguesa, com um marmoreado muito bonito.
Este transpira autenticidade, não é daquelas peças em que se fica em dúvida quanto à antiguidade...
E mais uma vez o Luís complementou a peça muito bem com imagens de outros marmoreados, incluindo o seu painel de azulejos, que eu gostei muito de rever, e os papéis usados nas guardas dos livros antigos, que eu tanto gosto de encontrar...
Em suma: um belo objeto enquadrado por um ótimo post.
Muito obrigada aos dois.
Abraços
Pensava já ter visto este painel num post, mas afinal foi outro, também com marmoreados.
ResponderEliminarQualquer deles é muito bonito!
E isto quer dizer que continua a aumentar a sua coleção e a enriquecer as suas paredes...
Cara Maria Isabel
ResponderEliminarConcordo consigo. Este prato será provavelmente de produção do Norte, Gaia ou Porto, que eram as localidades onde se concentravam muitas fábricas de faiança. Faço esta suposição porque o seu dono, vive entre o Minho/Douro Litoral e Tras-os-Montes. Em todo o caso, se me aparecesse um especialista em faiança afirmando que era de outra região não me admirava nada.
Vi o prato que me mostrou e achei muito curioso, porque apresenta outra técnica de imitar mármore, através do esponjado.
Quanto ao tardoz, não o apresento, porque que me esqueci de fotografa-lo, embora tenha tido o cuidado de o observar para ver se apresentava alguma marca.
Beijos
Luís
Maria Andrade
ResponderEliminarA si não lhe escapa nada.
Com efeito, já tinha mostrado este painel de azulejos, mas nunca como tema principal. Apareceu já por duas vezes a servir de cenário a duas peças de mobiliário, mas ele em si tem também uma história curiosa, que um dia ainda contarei aqui, se me sentir encorajado a tirar toda a tralha que está à sua volta.
A sua mísula e o galheteiro da Seguidora Misteriosa serviram de mote a este post.
abraços
Olá Luís
ResponderEliminarInteressante e pouco comum o seu prato marmoreado. Tenho visto alguns em catálogos de leiloeiras e recordo um, em especial, que mostrava um bonito manganés. A analogia que estabeleceu em que o mesmo motivo surge noutros materiais, revela bem a versatilidade dos nossos artistas. Recordo algumas colunas de altares e entradas de prédios, às vezes esconsos e esquecidos, mas que nos mostram as paredes marmoreadas, tão ao gosto de século XIX.
Não me quero alongar mais.
Cumprimentos.
if.
Interessante como este prato me trouxe de imediato à memório um outro que tens, e do qual já fizeste um post (escondido algures no teu início do blog - 14 de Dezembro de 2009) e que é muito possível ser Miragaia genuíno.
ResponderEliminarEsta relação, fi-la mercê das dimensões do prato e tipo de formato, para lá de um não sei quê na decoração, apesar de nada terem a haver um com o outro neste sentido, nem mesmo nos traços que orlam o prato.
Relativamente à dimensão do mesmo, o teu é muito leve, sê-lo-á este?
Aliás, outro prato que possuo (que parece cheio de pequenos insectos, devido à decoração feita por arrastamento, como, aliás, este que apresentas que imita um venado marmóreo, e que, igualmente associo ao teu, pelo formato, pela disposição dos elementos decorativos e pela sua leveza) tem um formato muito semelhante a este.
Esta cerâmica é sempre uma grande charada, e cada vez sei menos, é a conclusão a que chego(que me importa, se usufruo do deleite da sua contemplação), mas não deixa de ser fantástica e entusiasmante.
Os meus parabéns aos donos da peça e um agradecimento por permitir a sua partilha
Manel
Cara If,
ResponderEliminarObrigado pelo seu comentário, que me recordou uma casa, feita no início do século XX, ali para os lados do Zêzere e que tinha uma cozinha encantadora, com pintura marmoreada. Vi-a com o Manel, quando andava à procura de casa no campo e a cozinha era tão bonita, que dava vontade de a alargar e fazer dali a sala principal. Que pena não ter feito fotografias dessa casa.
Abraços
Manel,
ResponderEliminarComo disse à Maria Isabel, o prato parece-me fabrico do Norte e com um certo ar de família com esse meu prato de florinhas, que agora tenho quase a certeza de ser Miragaia e o teu prato com as borboletas, que um dia me hás de autorizar a publicar aqui no blog