sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Mais faianças do Museu do Açude: Miragaia


No ficheiro de imagens enviado pelo Fábio sobre a Colecção do Museu do Açude, no Rio de Janeiro constavam duas peças Miragaia, datadas do chamado segundo período de laboração da fábrica, isto é, entre 1822-1850.

A primeira é um vaso de faiança em tudo semelhante, à que existe na antiga casa de Manoel Baltazar da Cunha Fortes, na cidade de Ubatuba, estado de S. Paulo, aqui reproduzido em 22-10-2010
E também idêntico aos exemplares apresentados na exposição sobre a fábrica Miragaia, propriedade da Confraria do Santíssimo Sacramento de Miragaia, no Porto (imagens inferiores na ordem respectiva), igualmente reproduzido no blog, em 22-10-2010



Só a cercadura superior do exemplar do Museu do Açude difere das outras peças já mostradas em 22-10-2010. Tal como as outras, pertence a chamada série País, que dominou a produção do segundo período de laboração de Miragaia.
A segunda é uma a esfera também destinada a ser colocada num alto dum edifício, por cima duma balaustrada ou a ladear um portão e está também marcada Miragaia.
Esta peça aparece reproduzida no catálogo Fábrica de Louça de Miragaia, Lisboa: IMC, 2008, p. 103, embora não constasse da exposição. A autora do texto, Margarida Rebelo Correia, afirma que nunca viu nenhum exemplar semelhante em Portugal. Talvez os leitores do Porto e da Região Norte consigam descobrir no alto das casas antigas das suas terras peças idênticas a esta. Prometo publica-las no blog.

Pelo lugar onde estão, ambas as peças provam que a portuense Fábrica de Miragaia fazia muito bons negócios com o Brasil

2 comentários:

  1. Belíssimas peças Luis.

    Mais uma vez, parabéns pelo blog !!

    Luis Pavão
    www.ubatubaemrevista.com.br

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  2. Tal com as outras que já aqui apresentaste, esta vem na mesma sequência, e são todas de uma qualidade que evoca outros tempos e outros gostos.
    Quem se lembraria hoje de adquirir, ou quando muito, mandar reproduzir, peças destas para coroar os seus edifícios? Ou mesmo os orgulhosos esteios de granito a ladearem qualquer entrada de propriedade?
    Claro que me dirão que os gostos evoluem e já não se justifica, que o estilo não é o mesmo, que a arquitectura minimalista ou racionalista não tem nada a haver ... tudo muito certo, entendo perfeitamente as razões, mas talvez fosse melhor as pessoas ficarem mesmo minimalistas!!!
    Reconheço então que não havia necessidade de fazer o que vejo a acontecer ao longo das nossas estradas que, cada vez mais, se parecem com pesadelos e atentados a quaisquer princípios estéticos (se os houvera!).
    Dou conta que as pessoas não se esquecem de adquirir nessas casas de beira da estrada (onde fabricam umas peças produzidas em cimento, pintadas, para aumentar o realismo), e destinadas a coroarem esses belíssimos pilares em betão armado dos muros de cerca, uns lindos leões segurando uns escudos (devem ser as famílias mais nobres!), ou, para gostos mais ligados ao império do centro, águias de asas abertas ("Et pluribus unum"), ou então ao império mais a Norte, uns dragões "flintstonianos"; se destinados a relvados, afinal tão adequados ao nosso clima, e de frente para a estrada principal, uns patinhos amarelos, uns cogumelos daqueles tirados de contos dos irmãos Grimm, quiçá uns anõezinhos ou umas esculturais senhoras desnudadas, em poses "de Vénus" mais ou menos estudadas, ou então, cúmulo do bom gosto campestre, uma linda cena pitoresca de taberna, com uns tantos pândegos à volta de uma mesa a beberricarem grandes canecas de vinho, tudo isto no melhor gosto bucólico cimentado!
    Necessário ver para crer! Não se consegue perceber a extensão da enormidade através de um texto!
    Manel

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